A jardinagem na escola cria adultos melhores.

Jardins ajudam a formar crianças. Não somos nós que dizemos — vários estudos tem vindo a evidenciar as vantagens físicas e mentais nos processos de crescimento que a jardinagem tem, com um forte impacto a longo prazo e consequente influência na vida adulta. É por isso que, em época de rentrée, falar dos benefícios da jardinagem na escola se torna tão relevante. Mas vamos por partes. Para que se entenda todo o potencial benéfico da jardinagem na escola — e fora dela — reunimos as três principais vantagens desta prática nos estabelecimentos de ensino.
1. Crianças que têm contacto com a terra são mais saudáveis.
É uma das vantagens apontadas pela Food and Agriculture Organization, das Nações Unidas. Criar familiaridade com as plantas, vegetais e frutas ajuda a fazer escolhas mais saudáveis durante todo o percurso de vida. Um envolvimento ativo em jardinagem — o que inclui plantar, cuidar, ver crescer — faz com que os miúdos consumam mais alimentos frescos e nutritivos, tornando-os mais dispostos a provar coisas diferentes.
De acordo com uma análise, que teve como base os dados de 14 investigações anteriores realizadas em estabelecimentos de ensino, crianças que participam em programas de jardinagem na escola passam a comer mais frutas e vegetais depois de estarem envolvidas neste contexto.
Crianças que percebem o que são os alimentos, de onde vêm e ao que sabem, vão ser adultos que comem de forma mais equilibrada, nutritiva, apostando também no que é local e sazonal, dois aspetos basilares para a construção de rotinas mais sustentáveis, social e ambientalmente. Neste campo, podem ainda apontar-se os benefícios do contacto com a terra para o sistema imunitário: ao ter mais proximidade com o ambiente, passar mais tempo ao ar livre ou a pôr as mãos na massa, as crianças desenvolvem, por exemplo, floras intestinais mais ricas em bactérias boas, importantes para a imunidade ao longo da vida e tornando-as mais resistentes a doenças durante o crescimento e a vida adulta.
2. A jardinagem desenvolve competências cognitivas, sociais e interpessoais.
Mais uma grande vantagem da jardinagem na escola. Semear, cultivar, cuidar, ver nascer, colher incute nos miúdos valores e competências fundamentais, tais como responsabilidade e uma maior capacidade para socializar de forma saudável, assim como uma maior aptidão para trabalhar em equipa.
Um estudo sobre o impacto da jardinagem na escola em crianças de cinco anos, mostrou que aquelas que se envolvem neste tipo de atividade têm maiores capacidades para trabalhar em grupo, assim como níveis superiores de autoconhecimento. Há ainda o desenvolvimento de capacidades motoras — trabalhar com a terra e com aquilo que ela dá também implica o desenvolvimento de capacidades físicas — e dos processos cognitivos, uma vez que esta atividade aumenta também o raciocínio e a capacidade de aprendizagem.
3. Miúdos que praticam jardinagem na escola serão graúdos mais sustentáveis.
Este é outro dos motivos por que a jardinagem na escola é tão fulcral para o desenvolvimento infantil. Com a crise climática em que vivemos, é urgente dotar as próximas gerações de valores e de conhecimento ecológico que lhes permita cuidar e preservar a natureza.
Pôr os miúdos em contacto com o lado mais verde e natural da vida, desde a infância, vai aumentar a empatia, respeito e interesse face ao mesmo. Tanto assim é que, de acordo com uma pesquisa, estudantes do segundo e quarto ano de um programa de jardinagem escolar no Texas, nos Estados Unidos, mostraram ganhos exponencialmente maiores face a uma atitude pró-ambiental, comparativamente a outro grupo de estudantes. A atitude positiva era proporcional ao contacto e experiências ao ar livre — quanto maior, melhor.
