Biofilia. As plantas tornam-nos mais felizes — e é a ciência que o diz.

As plantas fazem as pessoas felizes. Parece uma afirmação sem nexo, mas pense: não gosta de ter vasos com flores e outras espécies em casa? Não dá por si a contemplá-los e a tratá-los com carinho? Isto não se deve só à beleza. Acontece porque também as plantas cuidam de nós, fazendo-nos sentir bem. O fenómeno tem um nome: chama-se biofilia. E está cientificamente comprovado que existe. Por exemplo. Investigadores do Robert Taylor Homes, em Chicago, compararam o bem-estar dos habitantes desta cidade que tinham acesso a espaços verdes aos que não tinham. A conclusão mostrou que famílias que viviam sem zonas verdes tinham mais violência, problemas de saúde mental e estavam mais isoladas.

De onde vem a biofilia?

A resposta é na realidade muito simples. O mundo vegetal faz parte da vida do ser humano, desde que ele existe. A necessidade de estarmos junto dele é uma questão de evolução da espécie. Mesmo que se normalize um quotidiano urbano, viver entre prédios e estradas, com pouco ou nenhum acesso a espaços verdes, é algo contra-natura. Precisamos da natureza para a nossa sobrevivência, para o nosso bem-estar físico e mental. É como acontece com qualquer outro animal. Se um peixe ficar fora de água, morre. Se colocarmos animais em locais industriais, sem condições que se pareçam com os seus habitats naturais, eles desenvolvem comportamentos estranhos. Com o ser humano é igual: longe das plantas, tornamo-nos mais infelizes. Sem elas, não vamos sobreviver.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), a Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, e o Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), em Espanha, analisaram mais de oito milhões de pessoas de sete países. Concluíram que aqueles residiam junto de zonas com parques, jardins e outros espaços verdes viviam mais tempo. Ou seja: o contacto com a natureza — mesmo nas cidades — aumenta a esperança média de vida.

A importância dos espaços verdes na cidade.

Só mais uma evidência científica que comprova a biofilia: como explica Ming Kuo, numa TED Talk, uma investigação introduziu espaços verdes em certos bairros de uma cidade e os ataques com armas desceram 9% nos locais onde havia árvores, relva ou arbustos. Como se vê, as conclusões sobre a importância da natureza na vida do ser humano têm apontado sempre para o mesmo lado. Os resultados têm sido tão esmagadoramente positivos que as próprias cidades começam a reagir, esforçando-se por aumentar os espaços verdes. Também em casa isto é visível: nas redes sociais, mostram-se espaços repletos de plantas, de diversas espécies, desde cactos, a flores ou ervas aromáticas.

Participe num grupo de jardinagem comunitária, cultive plantas no parapeito da sua janela, aproveite o seu terraço ou convença o seu chefe de que uma horta na empresa só vai deixar os trabalhadores mais produtivos e bem-dispostos. É que é mesmo verdade: as plantas fazem-nos sentir mais felizes. E são um escudo  contra os problemas da vida contemporânea.