Pegada ecológica. O que é e como reduzir?

Pegada ecológica, uma expressão que tem invadido as notícias, como resultado da crise ecológica por que passamos. Mas o que significa exactamente? Criado pelo Global Footprint Network — uma organização sem fins lucrativos que desenvolve ferramentas para promover a sustentabilidade — o termo nasceu para medir a quantidade de recursos naturais de que a humanidade necessita e gasta. No fundo, é uma espécie de calculadora, que abrange dois aspetos: A quantidade de recursos naturais necessários para a humanidade; Se as necessidades (ou consumo) da humanidade vão ao encontro da biocapacidade do Planeta. Numa visão macro, o objetivo desta calculadora passa por gerar uma economia mundial capaz de se desenvolver dentro dos limites ecológicos. Só que não é isso que está a acontecer.
Encontramo-nos num estado de défice ecológico desde a década de 70. A humanidade está a exigir demasiado ao Planeta, ao fazer uma utilização de recursos muito superior ao que a Terra pode dar.
Apesar de este estado já se verificar há dezenas de anos, o problema tem-se vindo a agravar: de acordo com a associação ambientalista Zero, em julho, atingimos o limite do uso sustentável de recursos naturais disponíveis para 2019 — três dias mais cedo do que em 2018.
Embora este medidor tenha sido criado para que, nas políticas que implementam, os países consigam fazer uma gestão mais sustentável destes recursos naturais, cabe ao cidadão calcular a sua própria pegada ecológica. E aqui entramos na função micro: devemos olhar para os nossos hábitos e consciencializarmo-nos do rasto que estamos a deixar. Todas as ações têm impacto: desde a dieta que fazemos, à forma como nos movemos, à quantidade e qualidade da roupa que compramos. Para que possa diminuir a pegada ecológica no quotidiano, reunimos quatro princípios fundamentais. Acredite, fazem toda a diferença.
1. Reduza a pegada ecológica, deixando o carro em casa.
Há várias alternativas mais sustentáveis para se mover. Aposte nos transportes públicos, como no metro ou no autocarro. Há também alternativas de mobilidade menos poluentes, como a bicicleta ou as trotinetes elétricas, disponíveis já em várias cidades. Mas há ainda uma hipótese melhor: andar a pé (caso seja exequível). É que, neste caso, além de ajudar o ambiente, vai estar a fazer bem à sua saúde — não nos podemos esquecer de que o sedentarismo é uma das causas para várias doenças do século XXI, como a obesidade, diabetes ou problemas cardiovasculares.
2. Reduza o consumo de carnes vermelhas.
A produção de carnes vermelhas — sobretudo de vaca — é um dos maiores inimigos do ambiente: além de um enorme consumo de água, há ainda as emissões de gases de efeito de estufa para a atmosfera. Cortar de vez com a carne pode ser uma tarefa difícil, mas a redução é uma necessidade urgente.
3. Reduza o plástico o máximo possível.
Uma garrafa de plástico demora 450 anos a decompor-se no mar. A cada minuto, entra no mar um camião de lixo cheio de plástico. 90% das aves marinhas têm plástico no estômago. Estima-se que, em 2050, o peso do plástico nos oceanos seja superior ao peso do peixe que neles habita. Assustado? Nós também! Está na hora de mudar alguns hábitos do quotidiano: nas idas ao supermercado, leve um saco de pano e, para a fruta e legumes, opte por sacos de rede (todos reutilizáveis); prefira champôs e sabonetes em barra; abandone os tampões e pensos higiénicos, optando pelo copo menstrual; beba mais água da torneira; aposte em escovas de dentes de bambu — também já existem pastas de dentes em frasco; compre a granel para tentar fugir dos produtos embalados em plástico; recicle sempre este material, caso não o possa reutilizar.
4. Reduza a pegada ecológica, modere o consumismo.
As cadeias fast fashion vieram disponibilizar todo um universo de roupa a preços acessíveis. Mas sabe quanto é que a Terra paga por isto? Um exemplo: sabia que para produzir um par de jeans são necessários 15 mil litros de água? A indústria da moda é altamente poluente: é responsável por 20% das águas residuais em todo o mundo e por 10% das emissões de carbono.
O consumismo exacerbado é uma das grandes causas do estado atual do Planeta. É necessário reverter este hábito: é crucial comprar menos, mas melhor. Como? Aposte em marcas com boas práticas sustentáveis, que utilizem materiais de melhor qualidade — vão durar mais. Outra rotina importante passa por fomentar a economia circular: compre em segunda mão e tente dar uma nova vida àquilo que já não quer, antes de pôr no lixo.
