Aos 18 anos, a caminho da universidade, ainda ninguém sabe muito bem o que quer para a sua vida. A Filipa Almeida que o diga. Natural do Porto, licenciou-se em Engenharia do Ambiente e pós-graduou-se em Educação Ambiental, pensando que por esta via o seu futuro passaria por trabalhar ao ar livre, no meio da natureza. Mas não foi isso que aconteceu — pelo menos, no plano imediato. Os seus primeiros anos de carreira foram passados dentro de indústrias, a trabalhar na área de consultoria, para garantir o cumprimento da legislação ambiental. Sentada a uma secretária, em frente a um computador, de portas fechadas para o céu, de volta de relatórios. Sentia-se um passarinho numa gaiola.
Até que em 2008 descobriu uma horta ao pé de sua casa, no Porto, e viu aqui um potencial escape. E assim foi. Até 2014, dedicou a este espaço muito do seu tempo, seguindo depois para a horta comunitária do Porto. No meio disto, a profunda estima pela terra, deu-lhe coragem: despediu-se da consultoria.
Mas não foi um adeus definitivo: mantém até hoje atividade como freelancer nesta área, mas agora com tempo e espaço para dedicar àquilo que verdadeiramente a faz feliz. De 2017 a 2018, fez parte de uma cooperativa de consumo, para profissionalizar este amor pela terra, seguindo-se depois um ano de pausa para se aventurar num mestrado em Agricultura Biológica, que atualmente frequenta, como aluna do segundo ano.
Os seus dias preferidos são os que passa no terreno que tem alugado em Miramar, onde se dedica a um projeto de viveiro de hortícolas, que produz para agricultores e para a Noocity, a quem se acabou por juntar como grower do Porto no início de 2020. Membro da Regenerar — Rede Portuguesa de Agroecologia Solidária (por via do contacto com as AMAP — Associação para a Manutenção da Agricultura de Proximidade), está como quer: fora da gaiola. Com as mãos na terra.