O dia de montagens começou bem cedo para que tudo estivesse pronto ao final da tarde, quando dezenas de colaboradores da Microsoft subiriam ao terceiro andar do escritório, agora transformado numa horta que parece tirá-los da bolha urbana que conhecem. A novidade, segundo conta Clara Mansilha, responsável pelo Departamento de Sustentabilidade da Microsoft, foi acolhida tanto com surpresa como com entusiasmo. Poucos conhecem o ciclo de plantação e crescimento daquilo que comem, mas todos se sentem motivados para o descobrir. E nada mais fácil do que se sentirem ligados à terra sem ter de sair da cidade.
É Bruno Lacey, um dos growers envolvidos na montagem, que mais cativa os curiosos ao desmistificar tudo o que acontece desde que uma semente é posta na terra. À medida que os colaboradores colocam nas Growbeds os brotos de vários legumes – alguns menos famosos, como o funcho ou as acelgas -, o Grower partilha tudo o que sabe, desde as vitaminas e minerais de cada um, à melhor forma de os cozinhar.
Facilmente se percebe que é uma rotina fora do habitual para todos, mas daquelas que sabem bem. E de facto, segundo Clara, o grande objetivo era mesmo “envolver a comunidade de colaboradores em momentos de partilha diferentes, aproveitando para reforçar a importância de garantir sempre um impacto ambiental positivo na sociedade”.
E mesmo com o confinamento inesperado e com a impossibilidade das visitas e workshops regulares em torno da horta, nada foi em vão. Há orgulho em afirmar que nada foi desperdiçado ou deixado ao acaso. E para tal, o papel do Grower André Maciel foi fundamental, mantendo o dinamismo e interesse do grupo. No grupo de WhatsApp da Horta, deixa fotografias e descreve as atividades realizadas em cada visita e incentiva aqueles que podem a criar uma horta em casa.
“Os produtos colhidos são deixados na cozinha para que os colaboradores os possam ir buscar e foi também feita uma grande doação à Junta de Freguesia do Parque das Nações e à Re-food para distribuição aos mais necessitados”.
E mesmo à distância, não há dúvidas que as mais-valias são muitas: há partilha de receitas depois de cada colheita e de fotografias dos pratos preparados. A horta acaba por ser uma ponte entre os vários colegas, ao mesmo tempo que os liga à natureza. A própria pandemia parece também ter despertado a consciência para como uma horta biológica é sinónimo de saúde através do que comem. Os colaboradores sentem que podem ser “agentes ativos da mudança”, acredita André.
Agora que todos reconhecem os desafios de um afastamento físico prolongado, reforça-se a enorme importância dos espaços comunitários no contexto de trabalho para o bem-estar dos colaboradores. Como há males que vêm por bem, espera-se que reforce ainda mais o interesse nos convívios e workshops em torno da horta previstos para quando os colaboradores regressarem ao telhado da Microsoft Lisboa.