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Plano de culturas: preparar a Horta para a próxima época

Pedro Rocha
Pedro Rocha

Noocity Growers Network Weaver

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Muitas pessoas perguntam-nos o que plantar na Horta, se temos algum plano de culturas para que possam programar, cultivar e tirar o maior partido de cada estação. Porque queremos responder a todas as suas perguntas, pedimos ao nosso Agricultor de serviço, o Pedro Rocha, para nos sugerir o seu plano de culturas ideal para a sua Horta em Casa da Noocity. O resultado será uma horta bonita e produtiva durante todo o ano, vamos a isso!

 

A sazonalidade e a observação do tempo fazem parte do plano de culturas.

Desde que iniciei este hábito, cultivar despertou em mim um maior interesse pela observação do tempo. A Natureza tem uma enorme capacidade de providenciar abundância e para ela estar ao nosso dispor, na agricultura urbana por exemplo, necessitamos compreender a relação entre o tempo e as plantas. Luz, água, nutrientes e temperatura, são quatro fatores fundamentais no crescimento das plantas, já que cada uma tem necessidades distintas. Dito isto, podemos distribuir as diferentes espécies ao longo do calendário, num plano de culturas que nos ajuda a programar o que plantar e quando. Esta distribuição é feita de acordo com aquilo que chamamos vulgarmente a sazonalidade.
A Horta em Casa da Noocity já nos dá uma preciosa ajuda, no que diz respeito à rega e aos nutrientes necessários à manutenção da Horta. Quanto à luz e à temperatura, vou tentar ajudar por aqui, mas será sempre um desafio de cada agricultor: compreender as nuances do local e clima onde a Horta está instalada.

 

Cultivar é observar para depois planear.

A primeira aprendizagem para quem cultiva, mesmo antes de desenhar ou executar qualquer plano de culturas, é observar. Observar o tempo (clima), as plantas, a luz, o vento, a chuva (e até a lua). Relacionar esta dança dos elementos e acompanhar toda a informação que as próprias plantas nos podem dar. Aconselho, aliás, a lerem o livro Verde Brilhante de Stefano Mancuso e Alessandra Viola para uma melhor compreensão de como uma planta pensa. Sim, eu disse…uma planta pensa! Como as podemos adivinhar do que precisam se não compreendemos as suas necessidades ou como funcionam?

Neste altura de Outono, a minha horta está cheia de beterrabas, couves, aipo, salsa, rabanetes. Também tenho algumas variedades de inverno de alface, funcho e alho francês. Sendo este um momento em que existe menos energia disponível, que é como quem diz menos horas de luz solar, tenho o cultivado plantas menos exigentes. São, essencialmente, plantas para consumo de folhas e raízes com uma boa tolerância a temperaturas mais frias e à falta de sol. Além disso, vou observando o que correu bem e registando o que fiz para que no próximo Outono possa replicar ou fazer melhor. No entanto, neste momento, já estou a pensar qual será o próximo plano de culturas a executar para o ciclo de cultivo seguinte.

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Kit Horta em Casa

Tudo o que precisa para começar a cultivar

SAIBA MAIS SAIBA MAIS

Um plano de culturas para a época alta.

Em Portugal, podemos definir fevereiro como o início da época de cultivo, que corresponderia às culturas de Primavera. Mas tal não se verifica em todas as latitudes. Eu é que sou um felizardo que vive numa terra temperada onde o único gelo que aparece é o do meu congelador. Por esse facto, posso na realidade ter legumes na horta quase durante o ano inteiro. O mesmo não acontece para quem vive no norte da Europa. Aí, a época, deve iniciar-se lá mais para o final de março ou início de abril, dependendo do ano. No entanto, seja quando for que a época comece, o plano de culturas pode ser o mesmo e há coisas a fazer antes de começar a semear ou plantar. Antes de cultivar trabalho sempre a fertilidade da terra. Utilizo uma mistura de fertilizante orgânico que me garante todos os nutrientes de base para os exigentes meses da Primavera e do Verão. Uma boa nutrição do solo é a base para o sucesso. Esta aprendizagem, também é fruto da compreensão que as plantas são seres vivos como nós e necessitam de alimento. A nós cabe-nos a responsabilidade de as alimentar para, em troca, recebemos iguarias em abundância.

No início da época, meados de Março, existe ainda alguma incerteza no que diz respeito ao clima. É possível que ainda surjam algumas semanas de frio intenso, geadas ou períodos de chuva forte. Por isso, não convém arriscar com um plano de culturas que inclua plantas demasiado exigentes quanto às horas de luz e calor. Assim, fico-me pelas alfaces, pelas ervilhas, as favas, rabanetes, beterrabas, acelgas, funcho, cebolas, couves. Muito semelhante aquilo que plantaria na fase final do verão por volta de setembro e outubro.

A partir de meados de abril podemos arriscar maior variedade: pepinos, pimentos, manjericão, malaguetas, tomate, beringelas, abóboras, melancias. Enfim, quase tudo aquilo que possa dar fruto vai para a horta. É fácil explicar porquê, imagine como a planta necessita de mais energia para florir e posteriormente frutificar. Assim, é na altura de mais luz e calor que estas espécies se dão melhor.

 

Então e as estações mais frias?

O Inverno não significa necessariamente uma horta vazia. O meu conselho agora, é usar os meses de frio para ficar a saber um pouco mais sobre as plantas que nos alimentam. Quem sabe até, idealizar a horta que irá criar na próxima época.
Numa próxima oportunidade, vou falar um pouco sobre o funcionamento destes seres vivos incríveis que são as plantas. Não julguemos que elas desenvolvem as suas folhas, flores ou frutos e sementes para nos alimentar. Este ciclo, tem como objetivo perpetuar a sobrevivência da espécie e não servir a humanidade (quer dizer, em certo sentido sim!). Os mais atrevidos, suspeitam que são as plantas que nos usam a nós para perpetuar a sua existência. Para isso viciam-nos com as suas cores e sabores para que não paremos de as cultivar. E esta, hein!?

Por fim, deixar algo presente, os planos de culturas são sinónimo de sazonalidade, que por sua vez significa variedade. Tal, reflete-se numa alimentação completa e consequentemente saudável. Até parece que a natureza faz de propósito, será que não faz mesmo?

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